Roger cousinet
1.1 Apresentação
Até 1762 o modelo educacional vinha sendo determinado principalmente pelas congregações religiosas, mas a supressão da Companhia de Jesus motivou a criação de um novo tipo de educação.
Nascemos fracos, precisamos de forças, nascemos desprovidos de tudo, temos necessidade de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, é-nos dado pela educação (ROUSSEAU, 1995, p. 10). Em 1763, Luis-René de Caradeuc de La Chalotais, ministro da Bretanha, publicou Essai d'éducation nationale, criticando a educação jesuítica e propondo uma educação pública nacional ao afirmar que ao Estado pertence o direito inalienável de instruir seus membros e o bem público, a honra da nação, exige que se substitua o ensino religioso por uma educação civil, que se prepare cada geração para desempenhar com êxito as diferentes funções do Estado” (apud LUZURIAGA, 1959, p.33).
No final do século XVIII, no período revolucionário, consolidam-se as discussões em torno da implantação da educação pública nacional, cuja realização dar-se-ia ao longo do século XIX. Ao objetivar formar o cidadão, a organização da educação pública passou a enfatizar o ensino cívico, assumindo um caráter popular com prioridade para o ensino elementar. Robespierre, Danton, Mirabeau, e outros expoentes da Revolução, ocuparam-se da reforma educacional com interesse.
Durante a fase da Assembléia Constituinte, Mirabeau, defensor da educação pública, elaborou discursos sobre o tema defendendo o princípio da liberdade de ensino para os mestres. Em seu plano de educação nacional, as escolas primárias constituiriam o ensino de primeiro grau; o liceu nacional, o segundo grau; e a Academia Nacional, o terceiro. Mas Mirabeau não pregava o laicismo ou a neutralidade religiosa, nem o ensino primário gratuito ou obrigatório. Afirmava que o dever do legislador era apenas de proteger o progresso da educação sem