roberto schwarz
"Em que consiste a força do romance machadiano da grande fase?
Há relação entre a originalidade de sua forma e as situações particulares à sociedade brasileira do século XIX?", ele também trata sobre a marca do realismo, em Memórias póstumas.
Nas primeiras linhas de Memórias, Brás Cubas, inicia com a seguinte explicação: "Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado."(p.53) (Xavier de Maistre e Laurence Sterne, são autores do século 18, que usavam do recurso de criar um mundo às avessas ). A nova forma, que
Machado traz ao Brasil, está na sua obra através da intertextualidade, da volubilidade e desvio do modelo canônico.
Machado, procura misturar as literaturas e, dizer que o instinto de nacionalidade, não é só a cor local. Em Memórias, ele cria a personagem no contexto conflituoso (representação literária da sociedade em que vive). A fórmula usada na narrativa machadiana, permitiu a alternância de perspectiva, de se posicionar com seu ponto de vista imparcial da sociedade brasileira. O ciclo curto e mais rápido da volubilidade, omite a característica do romance realista e a transforma em seu contrário. A volubilidade, dentro da obra seria o mundo (séc. XIX) em constante mudanças, porém cria os mesmos cenários sociais anteriores. Segundo Schwarz,
"Trata-se dos conteúdos da própria forma de prosa, presenças ubíquas e não-temáticas, independentes até certo ponto das vicissitudes da ação, às quais no entanto respondem, compondo com elas um acorde de ressonância histórica e nacional profunda." (p.32)
Valentim Facioli, em Um defunto estrambótico, não vê Machado