Resenha de "Ao Vencedos as Batatas", de Roberto Schwarz

Roberto Schwarz: “Ao vencedor as batatas”

No primeiro capítulo do seu trabalho, Roberto Schwarz afirma que na época em que viveu Machado de Assis havia um grande confronto de idéias: de um lado, o caráter escravista da sociedade brasileira que aparecia como um grande degradação aos conceitos científicos pregados na época: Luzes, progresso, humanidade, etc.; do outro lado estava o raciocínio inverso, com as ciências sendo consideradas “importadas” e abomináveis pelos que queriam conservar as coisas tal como elas se encontravam. As idéias de uma maneira geral no Brasil estavam “fora do centro” em relação ao uso que possuíam na Europa. Isto ocorria devido às particulares condições sociais brasileiras, que envolviam suas relações de produção, seu parasitismo social, sua dependência econômica, sua hegemonia intelectual européia, entre outras. Este confronto de idéias mostra a disparidade vivida pela intelectualidade brasileira, que tinha de conviver diante das contradições do escravismo em face às idéias do liberalismo europeu. Apesar deste choque ter também existido em outros países de condição semelhante a do Brasil, o choque ocorrido em terras brasileiras se revestiu de uma originalidade única: além de suas características relações entre as duas principais classes que constituíam a sociedade (senhores e escravos) existia uma grande originalidade que foi a que mais marcou este período: o favor, que marcou as relações entre senhores e a grande massa de homens livres sem condições de alcançar um nível alto dentro da sociedade. Assim, o favor atravessou e afetou a existência nacional em seu conjunto. Estas idéias liberais e o favor foram as matérias imediatas e naturais da literatura e do romance realista brasileiros. Mostrando as características originais acima, o Autor procura mostrar como elas se envolveram na literatura da época.
Ao descrever a trajetória do romance no Brasil, o Autor constata que num primeiro momento ele seguia os modelos europeus. Mais