Rizoma
Deslocar os conceitos de seus campos de origem, proporcionando intercessões, novas problematizações e soluções inéditas. Essa talvez tenha sido a principal preocupação do pensamento deleuziano. A proposta deste capítulo é definir e caracterizar o conceito de rizoma, apresentado por Deleuze e Guattari na obra Mil Platôs (1980), de forma a avaliar suas potencialidades para a criação coletiva em vídeo. O projeto pretende trabalhar as intercessões entre tal conceito e o vídeo verificando possíveis fluxos e contaminações entre um e outro.
Nascido em 1925, o filósofo francês Gilles Deleuze publicou obras de crítica clássica sobre Nietzsche, Hume, Kant, Sade, Kafka, Bacon, Bergson e outros. Porém é com o Anti-Édipo (1972), escrito em colaboração com o psicanalista Félix Guattari, que é abordado um estilo de pensamento radicalmente novo, recheado de referências culturais e artísticas, no qual são analisadas as relações da psicanálise com a política e a história, para mostrar que o esquizofrênico é o revelador, o limite que o capitalismo não consegue transpor, por reunir em si todas as contradições do sistema. Em 1980 escrevem Mil Platôs, uma continuação de o Anti-Édipo, desenvolvendo uma filosofia inaugural e inédita. Na obra de Deleuze e Guattari a filosofia recebe um itinerário inventor, uma propriedade criadora, não contemplativa, nem reflexiva, muito menos comunicativa. O pensar filosófico é compelido para o ato de intensa produção conceitual, a filosofia se passa na criação de conceitos, na arquitetura conceitual e na formulação de sentido, sem a obrigatoriedade de adequação do conceito à coisa ou ao estado de coisas.
A filosofia sempre se ocupou de conceitos, fazer filosofia é tentar inventar ou criar conceitos. Ocorre que os conceitos têm vários aspectos possíveis. Por muito tempo eles foram usados para determinar o que é uma coisa (essência). Nós, ao contrário, nos interessamos pelas circunstâncias de uma coisa: em que casos, onde e