Revolução russa
10858 palavras
44 páginas
A revolução russa Rosa Luxemburg I A Revolução Russa é, incontestavelmente, o fato mais considerável da guerra mundial. A maneira como explodiu, seu radicalismo sem exemplo, sua ação duradoura, tudo refuta admiravelmente o argumento sem o qual a social democracia alemã tem se esforçado, desde o início, em justificar a campanha de conquista do imperialismo alemão, a saber, a missão reservada às baionetas alemães de derrubar o czarismo e libertar os povos por ele oprimidos. As proporções formidáveis atingidas pala revolução na Rússia, a ação profunda pela qual subverteu todos os valores de classe, desenvolveu todos os problemas econômicos e sociais e passou, numa marcha conseqüente, com a fatalidade de um processo lógico, por assim dizer, sdo primeiro estádio da república burguesa a estádios cada vez mais elevados ― não tendo sido a queda do czarismo neste processo mais do que um pequeno episódio, quase uma bagatela ― tudo demonstra de modo claro como o dia que a libertação da Rússia não foi obra da guerra e da derrota militar do czarismo, das “baionetas alemães em punhos alemães”, como dizia Kautsky, mas que ela possuía raízes profundas na própria Rússia. Não foi a aventura guerreira do imperialismo alemão, sob o escudo ideológico da social democracia alemã, que provocou a revolução na Rússia. Ao contrário, esta não fez senão interrompê-la por algum tempo, em seu início, depois da primeira vaga dos anos de 1911-1913, criando-lhe em seguida as mais difíceis e anormais condições. Para todo observador que reflita, este curso das coisas é mais um argumento contra toda a teoria defendida por Kautsky e todo o Partido Social Democrata Alemão, segundo a qual a Rússia, país economicamente atrasado, agrícola em sua maior parte, não estaria ainda madura para a revolução social. Esta teoria que não admite como possível na Rússia senão uma revolução burguesa, do que decorre, por conseguinte, para os socialistas deste país, a necessidade de colaborar com o liberalismo burguês, é