Revolução Francesa
POLÊMICAS E REVISIONISMO NA HISTORIOGRAFIA
DA REVOLUÇÃO INGLESA
Modesto Florenzano *
Resumo
Nosso propósito, neste escrito, é mostrar o paralelismo, cronológico e temático, existente nos revisionismos historiográficos das revoluções inglesa e francesa; e sugerir que, ao contrário do que se poderia imaginar, é a historiografia da Revolução Inglesa que apresenta o revisionismo mais antigo e mais radical. Abstract
The purpose of this paper is to put in evidence the chronological and thematic parallels that can be found in the historiographical revisionism of English and French
Revolution. On the other hand, it is suggested that the historiography of English Revolution is the first in revisionism and the most radical. Palavras-chave
Revisionismo; historiografia; revolução; liberalismo; conservadorismo; marxismo.
Key-words
Revisionism; historiography; revolution; liberalism; conservadorism; marxism.
Proj. História, São Paulo, (30), p. 127-136, jun. 2005
06-Artg-(Modesto).p65
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Também da historiografia da Revolução Inglesa, pode-se dizer o que disse, com muita propriedade, o historiador François Furet da historiografia da Revolução Francesa, em um livro de 1986: “[seu] desenvolvimento é comparável ao desenvolvimento da própria Revolução: atravessada de contradições e de batalhas espetaculares, como se o caráter teatral do evento tivesse sido legado a seus historiadores, única parte não dividida de uma herança conflituosa”.1 Pois, quase quinze anos antes, mais precisamente em 1972, assim o historiador Lawrence Stone descrevia, num prefácio, o que se passava com a historiografia da
Revolução inglesa: “Este é um campo minado, onde se produziram grandes batalhas, cheio de armadilhas e emboscadas, defendido por estudiosos ferozes preparados para lutar por cada palmo do terreno”.2
Ora, das polêmicas que tiveram lugar no interior dessas duas