Revolução francesa
Pode-se dizer, sem incorrer em erros, que na França ocorreu o modelo clássico da tomada de poder pela burguesia; aliás, burguesia esta que crescia não somente em número, mas em poder econômico, em cultura e, principalmente, em consciência de si própria. Desta forma, na sua essência, a Revolução Francesa jogou por terra os últimos vestígios feudais que obstruíam a expansão do comércio e da indústria e, uma vez eliminados, abriram o espaço que faltava para a implantação absoluta do sistema capitalista. Na França da segunda metade do século XVIII, a esmagadora maioria da população era formada por camponeses, direta ou indiretamente submetidos a um regime de servidão. Para a burguesia, os laços de servidão eram um obstáculo ao desenvolvimento do capitalismo e, assim, pretendia a substituição do trabalho servil pelo assalariado, visando formar um amplo mercado consumidor interno para os produtos industrializados das cidades. Além disso, a produção agrícola nos moldes feudais encarecia o preço dos gêneros alimentícios consumidos nas cidades e não forneciam matérias-primas em quantidade suficiente para um amplo processo de industrialização. Vigorava ainda a alfândega interna e os pedágios cobrados aos comerciantes para poderem transitar entre os feudos de diferentes senhores. Dessa maneira, as modificações necessárias para que o capitalismo pudesse fluir livremente só seriam possíveis com a derrubada da monarquia absoluta. Caberia então à burguesia, em estreita aliança com os camponeses, liderar a luta pelo fim do Antigo Regime, traçando os limites das modificações que seriam efetuadas.
Estrutura Social do Antigo Regime
Em termos de hierarquia social, a França estruturava-se em três estamentos: Primeiro Estado, formado pelo clero; Segundo Estado, constituído pela nobreza; e Terceiro Estado, composto pelo restante da população. No alto clero, constituído por elementos provenientes das famílias