Revisitando a pré-escola
Alfabetização na Pré-Escola
Quando se fala em pré-escola, o discurso do senso comum considera que a sua função é formar hábitos, atitudes e desenvolver as habilidades essenciais para o aprendizado da leitura e da escrita. Como se trata de pré-escola, o lúdico permeia as atividades realizadas, confirmando o tom informal, não convencional e assistemático que caracteriza esta etapa da escolaridade.
Vivemos em uma sociedade em que uma parcela significativa das crianças, em idade escolar, está fora da escola. Em se tratando de pré-escola, a situação se agrava.
Faz parte da lógica desta sociedade discriminadora e excludente dificultar o acesso dos filhos dos trabalhadores à escola e, sobretudo, à pré-escola. As poucas crianças que rompem as barreiras e conseguem se matricular nela encontram, ainda um espaço onde não é esperado que elas aprendam.
A partir da nova Carta Constitucional de 1988, as crianças brasileiras de 0 a 6 anos adquiriram o direito legal à educação em creches e pré-escolas. Uma conquista que precisa ser materializada em ofertas reais de pré-escolas e creches públicas de qualidade para os filhos dos trabalhadores.
Mais do que nunca é necessário pensar e discutir a função da pré-escola. Será que apenas colocar as crianças num prédio garante alguma coisa? A pré-escola deve ser preparatória para a alfabetização? Ela deve alfabetizar? E o que é alfabetizar?
Aqui no pré a criança não tem a obrigação de aprender. Temos apenas que iniciar.
Esta fala de professores expressa o que o grupo pensava até pouco tempo sobre a função da pré-escola. No iniciar estavam implícitos o descompromisso com a aprendizagem e o compromisso em apenas preparar para a 1ª série.
Na pré-escola se trata de desenvolvimento e só na escola se trata de aprendizagem.
Vygotsky nos diz que a aprendizagem possibilita o desenvolvimento e o desenvolvimento possibilita a aprendizagem. A criança se desenvolve aprendendo e aprende se desenvolvendo.
A professora,