Retórica da mpb
PALAVRAS-CHAVE: Retórica musical; análise; canção. RESUMO: Este artigo tem a retórica musical como objeto de estudo principal. Inicialmente, comentaremos o sistema retórico-musical do período barroco, e em seguida apresentaremos uma análise musical de duas canções da MPB procurando aplicar esta teoria. Estas canções apresentam aspectos opostos, e procuraremos interpretar esta dualidade conforme o sistema retórico-musical.
INTRODUÇÃO A disciplina retórica nasceu na Grécia antiga, por volta do século V a.C., e teve como principais autores Aristóteles, Cícero e Quintiliano. Ainda no século XV fazia parte da educação básica, e “todo homem estudado era um ótimo retórico” (BUELOW, 1980, p.793). A retórica pode ser definida como o estudo da produção e análise do discurso sob a perspectiva da eloqüência e persuasão (CANO, 2000, p.7). A música, como todas as outras artes, foi muito influenciada pela retórica durante os séculos XVI, XVII e XVIII, período no qual esta disciplina alcançou seu auge. Diversos tratados foram escritos entre 1535 e 1792 relacionando música e retórica, com o nome genérico de musica poetica (CANO, 2000, p.7). A partir do século XVIII, então, a retórica como um todo entrou em decadência, e somente no final do século XX pesquisadores começaram a se interessar novamente pelo assunto. 1 O SISTEMA RETÓRICO MUSICAL O termo musica poetica foi utilizado pela primeira vez por Listenius, em seu tratado Musica, de 1537 (CANO, 2000, p.39). Os estudos musicais da época eram divididos em 3 áreas: musica pratica, musica teorica e musica poetica. Musica pratica se referia ao estudo dos manuais de execução, musica teorica tratava das questões teóricas sobre o som e da importância da música para os homens. Já a musica poetica (o termo poetica na língua grega se relaciona à idéia de “criar”) tratava da composição musical, sendo a retórica