RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS PROFERIDAS
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Resumo: O notável desenvolvimento em direção à racionalidade que a Medicina teve na Grécia clássica resultou do privilegiado pensamento dos próprios sábios gregos que tiveram Hipócrates como seu representante mais significativo. Entretanto, em pequena escala, foram adotados conceitos e práticas médicas provenientes de outros povos, antecedentes e contemporâneos à Grécia clássica, principalmente do egípcio, que, além de Medicina mágico-religiosa, dispunha de uma Medicina empírico-racional, desde muitos séculos antes de Hipócrates. O substancioso ¨Corpus Hippocraticum¨ constitui a maior referência da Medicina hipocrática, enquanto os papiros médicos são os principais, mas escassos, documentos acerca dos conhecimentos médicos egípcios. A proximidade geográfica e o progresso alcançado pelo Egito atraíram muitos gregos ao país. Comerciantes, operários e mercenários gregos estiveram no Egito, desde o antigo império. Este país, também, se tornou local desejado para viagens de sábios e médicos gregos. Tales de Mileto, Pitágoras e Platão lá estiveram. Representantes das escolas médicas gregas de Cós, Cnido e Crotona estabeleceram contactos com médicos egípcios, particularmente, da escola de Sais, próxima de Náucratis (centro de intercâmbio comercial e cultural egípcio-helênico), no delta do Nilo. Desta presença no Egito resultou a incorporação de alguns conhecimentos médicos egípcios pela Medicina grega. O conceito do ¨perittoma¨, da causa das doenças, de caráter biológico, é muito parecido com o egípcio ¨whdu¨ ou ¨wekhedu¨. Os primeiros gregos que o adotaram foram Eurifon e Heródicus, de Cnido. As doenças resultariam da absorção de produtos da putrefação dos resíduos intestinais, os quais, passando ao sangue, causariam febre, aceleração do pulso, lesões focais e até a morte. O uso freqüente, entre os egípcios, de laxantes e enemas, teria a finalidade de prevenir doenças. A introdução da teoria humoral não eliminou por completo o conceito do ¨perittoma¨, que chegou a