Resumo
Klein conseguiu desenvolver estudos sobre as ansiedades arcaicas porque dedicou quase toda a sua vida à análise de crianças. Seu primeiro paciente foi seu próprio filho, Hans, que apresentava sérios distúrbios de aprendizagem. Aos poucos Klein foi percebendo estruturas psíquicas que estavam fora do esquema freudiano, e, a partir da investigação dessas estruturas chamadas “arcaicas”, foi possível o desenvolvimento de suas teorias. Alguns paradigmas precisaram ser quebrados para que isso fosse possível e isso lhe rendeu uma série de inimizades.
O primeiro e principal paradigma para a época era a questão da possibilidade da análise infantil. Para Freud era impossível a análise de crianças muito pequenas, pois as mesmas não possuíam uma estrutura de linguagem suficientemente desenvolvida para a elaboração e livre verbalização de idéias. Sua maior opositora nesse campo foi Anna Freud, que na época também trabalhava com crianças. Robert Young descreve essa relação da seguinte forma “Onde Anna Freud disse que crianças muito pequenas não podiam realizar livre associação, Klein viu um rico mundo de fantasias refletidas no brincar. Onde Anna Freud viu a si mesma como uma professora com suas obrigações educadoras, Klein foi mais fundo, interpretando ansiedades sobre seios e outras partes do corpo, sobre ódio, sofrimento, luto e inveja que chocaram os não-kleinianos.”
Em 1939, com o advento do nazismo, a família Freud se muda para Londres, e um antagonismo que já existia entre Klein e Anna Freud, em função da convivência entre as duas na mesma sociedade psicanalítica, causa um racha na Sociedade Britânica de Psicanálise. Uma série de reuniões e artigos são publicados entre 1940 e 1944, chamados Controvérsia Freud Klein, para se tentar chegar a um acordo, porém, até a presente data esse racha persiste na sociedade