Resumo
Quando se assiste o filme “Amor sem Escalas”, se espera um roteiro romântico acompanhado do sorriso irresistível de George Clooney. Porém, o que encontramos é uma história bem construída, focada nos múltiplos dramas existentes nas relações corporativas que se tornam ainda mais ácidas em um mundo economicamente em crise.
O tema do filme gira em torno de uma Outplacement empresas contratadas para agilizar (e tentar humanizar) os sistemas de demissão de massa de uma organização, dissolvendo os tradicionais métodos de dispensa em que o contratante (o gestor direto) comunicava a demissão de seu funcionário olho no olho, verbalizando os motivos da dispensa e compartilhando, de certa forma, do momento sempre constrangedor do fim de uma parceria. Porém, esta delegação de tarefas para outros, aponta não só para o enfraquecimento das relações humanas (o distanciamento do sofrimento e do desconforto que a dor de outra pessoa pode causar) como também são sintomas gritantes de nossa época, superlotada de uma necessidade emergencial de felicidade e de um ilusório conforto emocional. Este movimento de fragmentação do convívio social também contaminou os sistemas corporativos, como bem retrata a pesquisadora da FGV Maria Ester de Freitas:
“muitas demissões foram feitas por e-mail, por telefone, no meio das férias, no final do expediente quando o individuo já estava no estacionamento negou-se ao homem demitido não apenas o direito de limpar as suas gavetas ou armários, mas também o de demonstrar a sua humanidade, fosse no adeus aos colegas de tantos anos, fosse na face que exprimia uma dor.”1
Devemos nos ater que a visão do trágico (na figura do outro que sofre) sempre foi uma etapa absolutamente necessária para o amadurecimento humano, uma vez que este contato nos coloca diante de nossos próprios medos e nos impulsiona a superá-los através da solidariedade que o outro nos provoca. É uma lição básica ensinada