Resumo
O INÍCIO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A SAÚDE NO BRASIL: DA REPÚBLICA VELHA À ERA VARGAS
No governo de Getúlio Vargas, muitos dos direitos ligados à seguridade social foram instituídos, ao passo que também se aprimoraram as ações de Estado acerca da saúde pública a partir das políticas públicas para a saúde.
No Brasil, a passagem do século XIX para o século XX a preocupação com a saúde, na verdade, não se traduzia necessariamente pela questão do direito social ou da dignidade humana, mas estava ligada aos interesses econômicos das elites em manter o trabalhador sadio para manutenção da produção, principalmente naquele contexto agrário. A nova organização do setor de saúde anunciava o compromisso do Estado de zelar pelo bem-estar sanitário da população. Tal promessa foi recebida de modos diferentes pelas lideranças políticas estaduais. Nas áreas onde havia pouca ou nenhuma assistência médico-hospitalar, essa proposta foi naturalmente bem aceita: esperava-se que as vilas e cidades mais carentes atraíssem a atenção do governo federal e recebessem postos médicos e até mesmo hospitais. Nos estados mais ricos, que já possuíam serviços de saúde organizados, a intervenção federal foi considerada desnecessária e centralizadora, mais dificultando que ajudando a melhorar o atendimento à população.
A atenção e as verbas despendidas pelo governo estadual desde o início da República permitiram constituir, já em meados da década de 20, um sistema de saúde pública descentralizado e ajustado às questões sanitárias próprias de cada região do estado. Nesse sistema, criado pelo higienista Geraldo de Paula Souza, os centros de saúde atendiam e orientavam enfermos, além de funcionarem também como porta de entrada para o internamento hospitalar. As reformas varguistas em São Paulo simplesmente decretaram o fim dessa experiência descentralizadora. Em lugar do atendimento ágil e voltado para a população, os interventores sanitários optaram pela organização centralizada dos