Resumo
O filme “O Escafandro e a Borboleta”lançado em 2007 e dirigido por Julian Schnabel foi retirado do livro escrito por Jean-Dominique Bauby quando este estava em seu “carcere”, preso pelo próprio corpo. O filme retrata a história do próprio escritor que adquiriu uma síndrome denominada “Síndrome de Locked-in”. Segundo os especialistas, é uma doença rara que paralisa todo o corpo. No caso de Jean-do, como era chamado, a síndrome não afetou a visão, audição e nem mesmo a possibilidade de entendimento dos signos vocais que ouve. “Além do meu olho duas coisas não estavam paralisadas, minha imaginação e a minha memória”. (O Escafandro e a Borboleta)
Jean-Dominique Bauby conservou a língua, mas perdeu completamente a fala. A “língua”, segundo Saussure, é o produto da “fala” que com o tempo adquirimos e acumulamos quando crianças com a ajuda de nossos pais. Para ele, a “língua” é uma espécie de tesouro que é depositada na mente de um individuo, dessa forma, diz-se que a “língua” é o instrumento da fala, ela está no cérebro e assim que é posta em funcionamento é tida como “fala”. Isso nada mais é que um processo psíquico seguido, por sua vez, de um processo fisiológico (o ato de falar). A “língua” acumulada no cérebro é transmitida para a boca e assim propagada.
A “fala”, segundo Saussure, é psicofísica e a “ língua” é psíquica, esta “ é necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os seus efeitos” , mas aquela “é necessária para que a língua se estabeleça”. (SAUSSURE, 1916. p. 27)
Dessa forma, estabelecendo uma associação entre as ideias de Saussure e o filme deJulian Schnabel, infere-se que Jean-do tinha consigo a “língua”, coletiva, homogênea e acumulada na infância o que possibilita o conhecimento dos signos vocais, mas não possuía a “fala”, fenômeno individual, heterogênea, expressão da “língua”. Apesar de não dispor da fala, Jean-do conseguia entender os signos porque ele possuía a “língua”, caso contrário, a comunicação