Resumo
UM PROJETO, OUTRAS POSSIBILIDADES1
Janaína Rocha de Paula[1]
Os livros infantis e suas imagens encantadas fazem parte – ou pelo menos deveriam fazer - do universo de um grande número de escolas que se dedicam à educação infantil. Nos baús, bibliotecas ou cantinhos de leituras as crianças reviram as histórias, se encantam com os personagens, recontam cenas marcantes e, às vezes, parecem fazer como aquele personagem que entrou na história e passou a morar dentro de um livro. Os livros estavam alí, próximos, ao alcance de nossas mãos. Não eram simplesmente acessórios que poderíamos usar para esclarecer alguma dúvida ou ilustrar algum projeto; ao contrário eram suportes de trabalho, ou melhor, eram espaços de trabalho que ao serem usados promoviam experiências de aprendizagem, traziam satisfação e faziam com que as crianças, assim como o menino de Manoel de Barros, “carregassem água na peneira”... Texto escrito, texto de imagens, textos de palavras – escritas ou imaginadas. Texto e imagem não assumem relação de disputa ou de rejeição mútua. Ao contrário, são formas distintas de tradução do mesmo impulso de livre criação. São todos textos, que trabalham o traço. O traço que marca, que constrói e re-constrói / trans-forma. Um traço que vem no lugar da palavra, se a palavra ainda não está aí, pronta para ser falada ou se já esgotou nas suas possibilidades. Trabalhar com a imagem, com os textos de imagens não era simplesmente identificar os elementos formais, dizer sobre aquilo que os olhos podiam ver. O que desejava com o trabalho, era que as crianças pudessem extrair da imagem uma nova significação, construir com ela um novo texto. A busca por esse olhar movido pela surpresa, atento e curioso era o que delineava nosso trabalho. Em
cada nova página buscávamos o prazer visual do diálogo entre as formas e cores, num constante exercício de leitura que tecia relações entre as lembranças e na trama final um novo