resumo
O objetivo deste trabalho é discutir a técnica esportiva considerando os referenciais das ciências sociais e humanas, fazendo um contraponto ao conceito tradicional de técnica utilizado pela área de Educação Física e Esporte, cuja base teórica é composta primordialmente por contribuições das ciências da natureza. De fato, quando se discute o conceito de técnica utilizado pela área, não raro se lança mão de conhecimentos da biomecânica, da fisiologia do exercício, e até mesmo da física e da biologia, para justificar determinados procedimentos pedagógicos em busca do movimento técnico perfeito. Aliás, é curioso notar que a palavra “técnica” tradicionalmente é usada como sinônima de movimento correto, daí advindo expressões como “gesto não técnico” ou “movimento sem técnica”. De substantivo feminino (a técnica como um processo ou um saber) a palavra passou a ser usada como adjetivo (forma técnica ou expressão técnica), chegando finalmente, com a adição do sufixo “mente”, a um advérbio (tecnicamente, significando “maneira técnica”).
É importante observar que, para Gilles-Gaston Granger (1994), a técnica é uma prática humana anterior à ciência, vinculada, na Antigüidade, à dimensão da arte, e o seu princípio estava no criador e não na criação. A técnica associada à arte se constituía como um modo de fazer que era tradicional, ou seja, seguia