resumo
A crise da dívida externa, que para o Brasil começou antes da quebra do México em 1982, transformou-se ao longo da década, em uma crise fiscal de graves proporções. A dívida externa pública, que no início da década representava pouco mais do que 50 por cento da dívida total, representa hoje 87 por cento. A dívida interna pública, que passou a crescer devido à persistência do déficit público e à suspensão de novos empréstimos internacionais, tornou-se recentemente superior à divida externa pública. As duas dívidas públicas somadas são elevadas, mas ainda representam menos de 60 por cento do PIB. Implicam, entretanto, em uma forte pressão sobre o déficit público, já que os juros pagos pelo Estado correspondem a cerca de 6 por cento do PIB. Por outro lado os prazos de maturação da dívida interna pública mobiliária foram se reduzindo à medida que se acelerava a inflação até transformarem os títulos públicos em uma quase-moeda, com prazo de vencimento de um dia (operações no mercado financeiro de overnight).
A crise fiscal pode, portanto, ser definida por três variáveis: o déficit público, que se mantém em um nível superior a 5 por cento do PIB, a dívida pública interna e externa, e o curto prazo de vencimento dos títulos públicos que revela a falta de crédito do Estado.
Dentro desse quadro