resumo

460 palavras 2 páginas
Esta crise econômica foi desencadeada no final de 1980, a partir do momento em que o país verificou que, diante da enorme dívida externa que acumulara, não tinha outra alternativa senão iniciar um processo de ajustamento. Essa verificação, entretanto, foi tardia. O simples ajustamento fiscal requerido pelos credores externos já não era suficiente para fazer a frente a uma dívida externa que se tornara alta demais para ser paga integralmente. A dimensão exagerada da dívida externa tornava self-defeating (derrotados de antemão) os esforços de ajustamento, que resultavam no aumento da taxa de juros interna, reduziam a capacidade de investimento do país e aceleravam a inflação.

A crise da dívida externa, que para o Brasil começou antes da quebra do México em 1982, transformou-se ao longo da década, em uma crise fiscal de graves proporções. A dívida externa pública, que no início da década representava pouco mais do que 50 por cento da dívida total, representa hoje 87 por cento. A dívida interna pública, que passou a crescer devido à persistência do déficit público e à suspensão de novos empréstimos internacionais, tornou-se recentemente superior à divida externa pública. As duas dívidas públicas somadas são elevadas, mas ainda representam menos de 60 por cento do PIB. Implicam, entretanto, em uma forte pressão sobre o déficit público, já que os juros pagos pelo Estado correspondem a cerca de 6 por cento do PIB. Por outro lado os prazos de maturação da dívida interna pública mobiliária foram se reduzindo à medida que se acelerava a inflação até transformarem os títulos públicos em uma quase-moeda, com prazo de vencimento de um dia (operações no mercado financeiro de overnight).

A crise fiscal pode, portanto, ser definida por três variáveis: o déficit público, que se mantém em um nível superior a 5 por cento do PIB, a dívida pública interna e externa, e o curto prazo de vencimento dos títulos públicos que revela a falta de crédito do Estado.

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