resumo
Belo Horizonte- MG
Brasil: Nações Imarginadas
A obra política empreendida pelas elites brasileiras do século XIX foi, sobretudo, um trabalho de construção do Estado, que começou com a transplantação da burocracia administrativa metropolitana de Lisboa para o Rio de Janeiro e se consolidou através do processo de conciliação dos interesses das elites provinciais com os do governo central, efetuado no Segundo Reinado. A nação brasileira, fosse como “plebiscito cotidiano”, fosse como sentimento coletivo ou, principalmente, como corpo de cidadãos, era algo inteiramente inexistente. Não obstante, seguindo a tendência do século, a elite política e intelectual brasileira, procurou formular uma “nação fictícia”2, através da criação imaginária de uma origem indígena para o Brasil, apresentada pela literatura romântica; de uma aversão em relação à herança portuguesa, negada na prática cotidiana; de uma memória histórica incorporada ao processo educativo, que na verdade não se estendia além dos limites da própria elite. De fato, antes de qualquer empreendimento no sentido de construir o sentimento nacional brasileiro, se fazia necessária a efetuação de um projeto para tornar os brasileiros cidadãos – especialmente, o largo contingente daqueles que estavam submetidos ao regime da escravidão –, sem o que, a nação jamais passaria de mera ficção. Em todos os casos, portanto, a nação brasileira é um dado da realidade e não algo a ser efetivado. Isso significa dizer que, para o problema não é elaborar um projeto para o Brasil que se fundamente na constituição de sua identidade nacional.
Se fosse assim, como em tantos outros projetos nacionalistas, se faria necessário reunir os traços básicos constitutivos da cultDe acordo com o mesmo, não só as classes populares eram completamente ignorantes quanto à religião;