Resumo
Ordem Médica e Norma Familiar
COSTA, Jurandir Freire. Ordem médica e norma familiar. 4 ed. Rio de Janeiro: GRAAL, 1999.
Jurandir Freire Costa, em sua conceituada obra “Ordem Médica e Norma Familiar”, busca as origens da estrutura familiar atual, na evolução da estrutura familiar das classes elitistas da Colônia e do Império. Segundo o autor, o Estado, no período colonial não conseguia manter a ordem e nem impor normas à população. É nesse terreno que a medicina social através do discurso higiênico vai encontrar ecos para sua atuação. Aliada ao Estado e impulsionado pelo mesmo, a medicina higiênica por possuir métodos, objetivos e técnicas bem definidos dirige-se às famílias de elite e posteriormente a família burguesa citadina, já que, não interessava ao estado alterar o padrão de vida dos outros, as “camadas dos sem família”, estes deveriam continuar obedecendo e submetidos ao código punitivo vigente à época. Sendo assim, os higienistas, objetivando modificar os velhos hábitos anti-higiênicos coloniais, impõe a família uma educação física, moral, intelectual e sexual. Interferindo nas relações de sexo, corpo e relações afetivas, as normas reguladoras dos higienistas modificavam o comportamento de homens, mulheres e crianças. O interesse real da medicina higiênica está intrinsecamente ligado ao interesse do Estado, mais precisamente após a vinda da Corte para o Brasil, período que começa uma intervenção mais efetiva do mesmo na colônia. O interesse pela família burguesa decorre necessariamente do fato de apesar de conter ainda nela resquícios da ordem colonial, a unidade estava se constituindo. Usando as palavras do próprio autor, “a ordem médica vai produzir uma norma familiar capaz de transformar cidadãos individualizados, domesticados e colocados à disposição da cidade, do Estado e da pátria.” (48) Deste modo, o casamento, a prostituição, a masturbação, a amamentação, o infanticídio, entre outros, são preocupações enfocadas,