Resumo
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A particularidade do processo de socialização contemporâneo, pp. 335-350
[...] o advento da modernidade arranca crescentemente o espaço do tempo fomen- tando relações entre outros “ausentes”, localmente distantes de qualquer situação dada ou interação face a face [...] isto é, os locais são completamente penetrados e moldados em termos de influências sociais bem distantes deles (Giddens, 1991, pp. 27-29).
Essa nova arquitetura do social tende a determinar outra forma de per- cepção do indivíduo em relação ao mundo, potencializando sua capacida- de reflexiva, aumentando sua capacidade de articular a multiplicidade de informações a que tem acesso (cf. Benjamin, 1983; Giddens, 1994); e tende, conseqüentemente, a introduzir uma leitura crítica e distanciada sobre o universo social e individual em cada um de nós (cf. Simmel, 1977;
Dubet, 1996).
A partir dessas reflexões, Giddens (1991, 1994) consegue sistematizar as principais tendências que caracterizam as transformações culturais – notadamente as relativas ao fenômeno da cultura de massas
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– ocorridas no último século, associando evolução tecnológica e material às transfor- mações de ordem cultural e/ou subjetiva dos indivíduos. Ele oferece um corpo de conceitos que nos possibilita analisar outras formas de interação e sociabilidade. Giddens apresenta-nos um pano de fundo, contextualiza sociologicamente o surgimento de outra ordem social que influencia pro- fundamente a constituição de um novo homem, a forma como esse ho- mem pensa sobre si mesmo e sobre suas relações, e como ele se orienta e constrói a realidade a que pertence.
Hall (1997) corrobora essa idéia afirmando que “o impacto das revolu- ções culturais sobre as sociedades globais e a vida cotidiana local, no final do século XX, parece tão significativo e abrangente que justifica a afirmação de que a substantiva expansão da ‘cultura’”
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, que hoje experimentamos, não