Resumo - A Miopia de Morse
Este artigo é escrito em resposta à crítica de Schwartzman ao livro de Morse, O Espelho de Próspero. Morse inicia o texto afirmando que concorda com Schwartzman em muitas coisas: “a preferência pela racionalidade instruída em detrimento do misticismo desvairado; pelos direitos humanos, em vez da opressão indiscriminada; pela ciência humanista, em lugar do niilismo intelectual” (Morse, 1989: 166). No entanto, quando é acusado de ser favorável a posições nazistas e stalinistas, Morse afirma que ambos os autores devem possuir “discordâncias fundamentais no que diz respeito ao empreendimento intelectual” (Morse, 1989: 166).
Shwartzman classifica o livro de Morse de “profundamente equivocado e danoso”. Morse indaga, ironicamente, o que significaria “pensamentos perigosos” para um autor que se diz adepto “de ideias liberais e portanto – suponho – do ‘livre mercado de ideias’” (Morse, 1989: 167). Morse, de uma forma muito eloqüente e ilustrada, ataca o argumento de Schwartzman pelo princípio da liberdade de pensamento. Argumenta: “Deveriam Darwin, Gobineau, Spencer, Nietzsche e Treitschke ter sido proscritos porque poderiam ter levado ao nazismo?” (Morse, 1989: 167).
O cerne do argumento, no entanto, segundo Morse reside em: “Existe ou não um colapso estrutural iminente que exige atenção?” (Morse, 1989: 167). Morse identifica três diferenças fundamentais entre ele e seu crítico. A primeira delas refere-se à natureza do processo histórico. Morse atribui a Schwartzman uma visão linear da história, onde existe algo semelhante a leis, onde o processo histórico parece manipulável. Morse, por outro lado, afirma que, apesar de identificar “casos limitados de linearidade”, entende “que o processo histórico como um todo opera em vários níveis e inclui permanências, ressonâncias, ressurgimentos inesperados, novidades e surpresas, assim como justaposições e consequências irônicas”