Resumo "A Figura de Sócrates"
Através da figura de Sócrates podemos entender melhor a definição de filósofo proposta por Platão em seu diálogo Banquete, onde há a verdadeira “tomada de consciência da situação paradoxal do filósofo no meio dos homens”¹. Podemos comparar Sócrates a Jesus, pelo fato de ambos terem tido grande influência histórica mesmo tendo exercido sua atividade em um espaço de tempo curto em relação à história mundial e, também pelo fato de não haver obras escritas por nenhum dos dois propriamente ditos, mas sim por seus discípulos, que fundaram escolas para passar as idéias de ambos adiante e que, no caso de Sócrates, por vezes tinham visões muito diferentes acerca da figura do filósofo. Entretanto há um ponto em comum entre todas as escolas socráticas: a idéia da coerência entre o discurso e o modo de vida de seus discípulos. O sucesso da forma literária dos diálogos de Sócrates escritos por Platão nos permite ver a impressão que os contemporâneos do filósofo tinham sobre ele e o modo como o mesmo conduzia as conversas, sempre no papel de indagador e fazendo a pessoa perceber que na verdade ela nada sabia sobre aquilo que dizia conhecer. Para isso Sócrates usava o que os gregos denominavam “ironia”, dissimulava ele mesmo não saber nada e interrogar a pessoa até mostrar-lhe que o pretensioso saber que dizia ela ter não estava fundamentado em nada, e que seu interlocutor não dominava aquilo de que pretendia ser sábio. Sócrates admite não saber nada e não ensinar nada, mas sim questionar, e são seus questionamentos que fazem com que a pessoa questionada procure o saber dentro dela própria, sendo assim Sócrates age apenas como um “parteiro” do saber. Platão, por si próprio irá difundir a idéia de que o conhecimento já está dentro de nossa alma e que o que devemos fazer é aprender a recordá-lo, embora para Sócrates a perspectiva seja muito diferente