resumo suicidio egoista capitulo 1 - II

II
A imunidade de que desfrutam as pessoas casadas só pode ser atribuída a uma das duas causas a seguir: - Ou ela se decorre da influência do meio doméstico, e nesses casos seria a família, que, pela sua ação, neutralizaria a inclinação para o suicídio ou impedi-la de se manifestar. - Ou se deve aquilo que se pode denominar “seleção matrimonial”. Com efeito, o casamento realiza mecanicamente uma espécie de triagem na população. Não se casa quem quer; há poucas possibilidades de se conseguir estabelecer uma família se não se reunir algumas qualidades de saúde, de fortuna e de moralidade. A não ser graças a um conjunto de circunstancias excepcionais, aqueles que não se reunirem serão, portanto, quer queiram quer não, rejeitados para a classe dos solteiros, constituída, assim, de toda a escória humana do país. Segundo essa hipótese, não seria portanto a família que evitaria o suicídio, o crime ou a doença; o privilégio dos casados viria simplesmente do fato de que só aqueles que oferecem sérias garantias de saúde física e moral são admitidos na vida em família. Bertillon parece ter hesitado entre essas duas explicações e tê-las admitido em conjunto. Desde então, em Evolution du mariage et de la famille, Letourneau optou categoricamente pela segunda. Fatos numerosos demonstrarão a seguir que a miséria não é um dos fatores de que depende a taxa social dos suicídios. A princípio, os esposos muito jovens estão mais inclinados para o suicídio do que os solteiros, tal não aconteceria se transportassem consigo a imunidade e se ela lhes fossem de nascença. Em segundo lugar, o máximo é atingido quase de repente. Logo na primeira faixa etária em que a condição privilegiada das pessoas casadas começa a afirmar-se (entre os 20 e os 25 anos), o coeficiente atinge um valor que em seguida ultrapassará raramente. Ora, nesse período há apenas 148 mil casados para 1,430 milhão de solteiros e 626 mil casadas para 1,049 milhão de solteiras (números aproximados). Os solteiros