Segundo Tratado do Governo Civil John Locke Assim como Hobbes, o contratualista John Locke estrutura seu pensamento nos momentos de estado de natureza, contrato social e dever do Estado. Para Locke, a condição natural do homem é de direto à vida e liberdade para agir e desfrutar de suas posses, mas há também limites naturais, pois esse estado é regido pela razão e, logo, não se pode lesar os direitos à vida, saúde, liberdade e bens dos outros. A força de justiça que coage as pessoas a respeitarem tais direitos parte de cada um, ou seja, cada um age como juiz do infrator para condená-lo de forma proporcional à sua infração e exigir reparação do dano. Quanto à propriedade, o autor traça uma argumentação de caráter religioso e desenvolve a idéia de que a natureza existe para que os homens tirem seu sustento e conforto dela. Logo, há meios naturais para que o homem se aproprie desses bens. Para ele, quando o homem insere trabalho em algo ao tirar do estado de natureza isso se torna sua propriedade e, para isso, não necessita consentimento dos outros. Porém não é possível possuir tudo, pois o limite natural dessa apropriação consiste em tirar proveito daquilo que foi tomado sem haver desperdícios. Para tanto, os produtos perecíveis podem ser trocados para que sejam aproveitados e recebe-se em troca bens mais duráveis, surgindo assim o dinheiro. Quanto às extensões de terra, pode-se dizer que a terra é de quem plantar. O governo deve, portanto, “melhorar as terras e utilizá-las corretamente”. Locke distingue os diferentes tipos de pactos por seus objetivos e obrigações, como a sociedade conjugal, de senhor e servo e civil. A sociedade civil, que só existe com o poder de preservar a propriedade, surge para lidar com as incoveniências do estado de natureza e garantir os direitos naturais. Sendo o homem levado por sentimentos impulsivos e dificilmente justo o suficiente para aplicar a si mesmo a pena que aplicaria a outro se torna necessário um governo para ser o