Resumo Roger Chartier
Introdução: Por uma sociologia histórica das práticas culturais.
Os ensaios de Roger Chartier, que compõem os capítulos do presente livro, foram escritos na década de 1980. O livro coloca-se “como resposta à insatisfação sentida” sobre o postulado da história cultural francesa como história das mentalidades e história quantitativa durante as décadas de 1960 e 1970. E que no quadro das ciências humanas na França, a história, enquanto disciplina, estava aos poucos perdendo espaço para as ciências sociais e precisava ampliar seus objetos e abordagens. É necessário considerar, ao ler esta obra, que Chartier dialoga diretamente com a Nova História colocada pela Escola dos Annales. A história cultural proposta por Chartier defende a relação com as demais ciências sociais, principalmente “a história literária, a epistemologia das ciências, a filosofia” . Para o autor, “a história cultural, tal como a entendemos, tem por principal objetivo identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler” . Ou seja, essa teoria visa compreender as representações, as formas de leitura que o indivíduo possui da realidade. Essas “percepções do social” são discursos que estão colocados em relações de poder, há grupos que inserem seus interesses por meio de estratégias e práticas. “Por isso essa investigação sobre as representações supõe-nas como estando sempre colocadas num campo de concorrências e de competições cujos desafios se enunciam em termos de poder e de dominação” . Essas representações mostram os interesses e as interpretações da sociedade sobre si mesma, ou como queriam que fossem, de modo objetivo e racional. Ao definir a história cultural, Chartier busca, por fim, o debate que divergia a história em duas frentes: a