Resumo mal estar na civilização
Os seres humanos necessitam organizar-se em sociedades a fim de se defender da própria natureza que o agride permanentemente e sem piedade, desde os primórdios de sua existência terrena. Daí, surge um grande dilema: o próprio esforço realizado pelo homem para que se torne possível a vida em sociedade - sociedades estas que tenderão a evoluir para civilizações - representa um enorme entrave para a felicidade humana. Com isto, no decorrer de alguns séculos, o homem surpreendentemente se vê assediado por uma série de sofrimentos ainda maiores do que os oferecidos pela natureza na aurora de sua existência.
A cultura civilizatória - conquistada e mantida por meio de um rigoroso investimento psíquico por parte de cada indivíduo -, os problemas que assolam a humanidade parecem se multiplicar, trocando apenas de roupagem: agora com o pleno controle da natureza, adquirido graças à conquista civilizatória, encontramo-nos, nós, frágeis homens, novamente no mesmo dilema: promover periodicamente uma reestruturação dinâmica de nossas pulsões psíquicas a fim de minimizar os conflitos gerados pelo "princípio do prazer" (instintos pulsionais) em permanente oposição ao "princípio da realidade". Evidentemente, em indivíduos mentalmente saudáveis, este necessário controle pulsional objetivará a permanente minimização do sofrimento, posto que, com esta movimentação, tentamos conciliar o relacionamento do Ego com a realidade externa, tornando harmoniosa, na medida do possível, a interrelação existente entre o próprio ego e os impulsos instintivos de satisfação imediata dos desejos oriundos do Id.
Cuidadosamente, Freud tenta estabelecer referenciais teóricos para demonstrar que o "grande maestro regente" de nosso mal estar civilizatório reside na cultura, mais especificamente no aspecto religioso da mesma.
Freud procura averiguar de que modo os fatores culturais - especialmente os de cunho religioso - são