trabalho alienado

REVENDO (?) O MITO DE SÍSIFO: ARMADILHAS E POTENCIALIDADES
DO INDIVÍDUO “EMPREENDEDOR DE SI MESMO”.
MESSINA, Julia.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Introdução: O mito de Sísifo.
“Os deuses condenaram Sísifo a empurrar incessantemente uma rocha até o alto de uma montanha, de onde tornava a cair por seu próprio peso.
Pensaram, com certa razão, que não há castigo mais terrível que o trabalho inútil e sem esperança” (CAMUS, 2009, p. 137).
Sísifo é um personagem da mitologia grega que foi condenado a repetir sempre a mesma tarefa: empurrar uma pedra montanha acima, até o topo, observando-a rolar e repetindo o trabalho perpetuamente. Assim como
Sísifo, por vezes os indivíduos sentem dificuldade em lidar com as pressões e mudanças contemporâneas. Neste contexto, surge o discurso do indivíduo “empreendedor de si mesmo”. O objetivo do artigo é estudar as transformações vivenciadas hodiernamente, bem como explorar as armadilhas e potencialidades dessa abordagem “empreendedora de si mesmo”. Contexto contemporâneo: implicações da sociedade de controle e do capitalismo flexível.
Com a transição da sociedade disciplinar para a de controle, surgiram novas maneiras de organizar, espacial e temporalmente, o trabalho. Os grandes meios de confinamento, ilustrados pelas fábricas e complexos industriais, foram substituídos por sistemas abertos, descentralizados, sendo o controle exercido de forma difusa (Deleuze, 1992). Os novos dispositivos passaram a condicionar comportamentos e práticas sociais de forma mais intensa, extrapolando o ambiente de trabalho e interferindo em

diversas esferas da vida. Os dispositivos de controle, ao contrário dos disciplinares, que eram fechados e centralizados, caracterizam-se por sua fluidez e retroalimentação. Embora sejam mecanismos menos visíveis, por já estarem interiorizados, são formas mais sofisticadas de exercer o controle sobre os indivíduos.
“Pertencemos a dispositivos e neles agimos. À