Resumo - Felizmente há Luar
Foi publicada em 1961, em pleno auge do regime ditatorial de Salazar, mas remete-nos para o regime absolutista de 1817, mostrando claramente a censura e a falta de liberdade de ação, pensamento e expressão que se vivia em ambos os tempos. Funciona como crítica à sociedade. É uma obra intemporal, visto que não só se aplica ao tempo da história, nem ao tempo da escrita, mas sim, a todas as épocas.
Divide-se em 2 atos e não apresenta uma única cena. Conseguimos perceber que se mudou de cena, pois este tipo de teatro utiliza a incidência de luz nas personagens para as trazer para o palco. É, também, uma obra que mostra claramente como a sociedade estava estratificada.
As personagens apresentadas são: D. Miguel Forjaz, retrógrado, autoritário, mercenário, acha-se superior em relação aos outros governadores e vê o liberalismo como anarquia, Marechal Beresford, mercenário, mau soldado, mas bom estratega, pragmático e calculista, e Principal Sousa (homens do poder); Manuel, o mais consciente dos populares que representa o povo oprimido, Rita, mulher de Manuel, o Antigo Soldado e Vicente (povo); Morais Sarmento, Andrade Corvo e Vicente, um falso humanitário, ambicioso, é contra o general, egoísta e um traidor do povo (os traidores do povo); e Frei Diogo (o homem sério da igreja), António de Sousa Falcão (o amigo), Matilde de Melo, uma mulher feminina, por um lado, frágil, consumida pela angústia, que suplica pela salvação do General Gomes Freire de Andrade, mas por outro, uma mulher forte, destemida, que acusa os males do seu povo e denuncia a corrupção