Resumo do livro a arte da guerra
As pressões trabalhistas estão apertando. A China, campeã de acidentes do trabalho, acaba de aprovar uma lei que permite aos empregados levar os casos à Justiça. Estava na hora. A reforma trabalhista de 2008 definiu a arbitragem para resolver impasses, o que instigou 700 mil ações no primeiro ano, muitas a favor dos trabalhadores. A entrada recente de 40 mil empresas estrangeiras por ano transformou a oferta abundante de mão de obra qualificada em séria escassez. Tudo isso gerou muita pressão. Nos últimos cinco anos, os salários aumentaram 100% (!) em vários setores.
E a pressão continua. Passeatas, greves e até suicídios de trabalhadores forçaram inúmeras empresas multinacionais a aumentar os salários de 15% a 20% entre maio e junho de 2010. Há casos de 25% e até de 30%. São aumentos colossais, pois a estimativa de inflação para este ano é de apenas 3%. Ao contrário do que ocorria no passado, o governo atual fechou os olhos às manifestações operárias por estar interessado em estimular o consumo doméstico e reduzir a dependência chinesa das exportações de baixo preço. As autoridades das províncias concedem nestes dias seguidos aumentos no salário mínimo. Os municípios industrializados (Shenzhen) elevaram o valor da hora extra para 300%.
Até que ponto essa disparada afetará a competitividade da China? Os produtores industriais dizem que, nos últimos cinco anos, o peso dos salários na produção industrial passou de 2% para 12%, enquanto o lucro líquido caiu de 15% para 8%. Muitas empresas estão planejando se mudar, ou já se mudaram, para o interior do país e também para a Índia, Vietnã, Malásia, Filipinas, Indonésia e Bangladesh, onde os salários são mais baixos.
Alguns analistas não veem razões para tanto pânico, porque as vantagens comparativas da China em infraestrutura, impostos baixos, crédito fácil e cadeias de distribuição eficientes continuam enormes; e os salários chineses continuam baixos. Os operários industriais