RESUMO DO LIVRO MEMÓRIA
Trata-se de um livro sobre memória social, ancorado na velhice - essa fase da vida inevitável que muitos jovens simplesmente ignoram.
"(...) não pretendi escrever uma obra sobre memória, nem uma obra sobre velhice. Fiquei na interseção dessas realidades: colhi memórias de velhos" escreve a autora, que dividiu o livro em dois capítulos iniciais teóricos e um último capítulo no qual se torna uma personagem narradora, tal como os oito personagens do livro.
As histórias dos personagens de Bosi mostram que a função social exercida durante a vida ocupa parte significativa da memória dos velhos, e isso não ocorre por acaso. A memória, na velhice, é uma construção de pessoas agora envelhecidas que já trabalharam. Assim, é uma narrativa de homens e mulheres que já não são mais membros ativos da sociedade, mas que já foram. Isso significa que os velhos, apesar de não serem mais propulsores da vida presente de seu grupo social, têm uma nova função social: lembrar e contar para os mais jovens a sua história, de onde eles vieram, o que fizeram e aprenderam. Na velhice, as pessoas tornam-se a memória da família, do grupo, da sociedade.
O homem jovem e ativo, em geral, não se ocupa com lembranças - não tem tempo para isso. Dos jovens, a sociedade espera produção, e muitas vezes não se dá conta da violência implícita nesse processo. Produção nas indústrias, nas minas de carvão, produção de conhecimento - muita produção. Dos velhos, não. Deles, espera-se a lembrança. Mas quando não se valoriza essa função social, como acontece mais correntemente, há um esvaziamento e uma desvalorização dessa nova etapa da vida.
Mas não é só o tempo "socialmente permitido" que os velhos têm para se dedicar às suas lembranças. Bosi, em seu livro, lembra que os velhos têm uma memória social atual mais contextualizada e definida, pois são expectadores de um quadro já finalizado e bem delineado no tempo. Aos mais jovens, ainda absorvidos nas lutas e contradições de um presente que os