Resumo de Senhora- José de Alencar
Se durante o plano do discurso Aurélia configurava-se como uma mulher altiva, forte e capaz de suplantar o domínio masculino por possuir aquilo que a sociedade impunha (o dinheiro), é no plano da enunciação que observamos que Aurélia é uma frágil romântica e que a sua aparente força advinda da vingança e do dinheiro não é suficiente para configurá-la como marco de identidade feminina. É o que ocorre quando Alencar insere o narrador na história, procurando entender as motivações e as angústias da alma de Aurélia, mas ciente das limitações e do alcance da obra literária, “limita-se a referir o que sabe, deixando à sagacidade de cada um atinar com a verdadeira causa de impulsos tão encontrados”.
A força do dinheiro, na sociedade urbana do século XIX, que se organiza a partir de modelos culturais europeus, começa a exigir padrões de comportamento e de atitudes que não combinam com o caráter íntegro do escritor, tão cioso de suas convicções morais e éticas. Daí, a força dramática do romance Senhora que joga com a inusitada situação senhora/escravo, enredando os protagonistas da história - Aurélia e Fernando - nesse universo equivocado.
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