Artes e saberes da elite
Prestigio da arte oratória
A arte oratória não desapareceu com a República, a tradição antiga continuou ao longo de todo Baixo Império. A atividade principal dos advogados foi sempre judiciária: a passagem para o principado, e depois para o regime de domínio, de modo nenhum fez abrandar a atividade dos tribunais. A intensa criatividade jurisdicional dos séculos IV e V exigiu a elaboração de uma síntese – o Código Teodosiano.
A eloquência do foro não é, aliás, a única que possibilita aos intelectuais a demonstração dos seus talentos oratórios. Se a eloquência propriamente política perdeu seu caráter conflitual desde o último século da República, foi substituída por uma eloquência de aparato que faz igualmente apelo a todos os recursos da retórica clássica.
Palavra e conflitos ideológicos
O poder do verbo não desaparece com a tormenta, os debates de ideias passam por uma codificação obrigatória a partir de Sidónio Apolinário que exprime-se ainda em hexâmetros, cúmulo do tradicionalismo. Estas formas não são meras aparências vãs sem efeitos concretos.
Tarefas do retórico antigo
As bases da ars dicendi remontam aos princípios descobertos e codificados desde a época de Isócrates e transmitidos com fidelidade e talento pelas escolas helenísticas. Foi necessário um grande esforço de adaptação, mas em consequência dele, no século seguinte assistiu-se à abertura de escolas de retórica latina.
O orador era capaz de compor um discurso tanto em grego como em latim, sendo Cícero que deixou a codificação definitiva da ars dicendi, Agostinho aprende e depois ensina retórica em Cartago, o seu ensino baseia-se inteiramente nessa herança ciceroniana. Os princípios são imutáveis e assentam, acima de tudo, em numerosas classificações.
Distinguem-se nomeadamente: três tipos de eloquência – epidíctica, judiciária, deliberativa; cinco partes na arte – invenção, disposição, elocução, ação, memorização; seis etapas num discurso – exórdio, narração,