resumo da obra carta sobre o Humanismo de Heidegger
O anjo que, invisível, acompanhava a Sagrada Família acabara por adormecer de cansaço. Mas, alta noite, uma viga do telhado rangeu com tanta força que o anjo acordou.
— Acudam! Acudam! — gritou o anjo, estremunhado.
— Que cheiro horrível é este? — E ia já pegar na trombeta de alarme para chamar as hostes dos seus irmãos anjos, mas não foi preciso. O anjo fechou a mão direita, fazendo um óculo e espreitou o horizonte. E viu que aquele mau cheiro vinha dos pensamentos repugnantes do rei
Herodes. Saíam-lhe da cabeça em ondas fedorentas, como vapor de uma caldeira de água a ferver. O anjo ficou todo arrepiado e bateu as asas com força para afastar aquele cheiro horrível. Mas era melhor avisar S. José! O anjo esfregou os olhos ensonados, sacudiu os cabelos e apareceu em sonhos a S. José.
Este dormia profundamente, ressonando para as barbas brancas. Nisto, apareceu-lhe aquele Anjo de Prata, que lhe falou assim:
— Foge, José, foge! O rei Herodes quer matar o teu menino e Nosso Senhor!
S. José acordou em sobressalto. Ficou muito tempo de olhos abertos no escuro, depois levantou-se e acendeu a lanterna. A lanterna acendeu-se com a sua luz habitual.
Mas quando reparou que S. José a levava para junto de Maria, aumentou um pouco a luz, cheia de respeito e curiosidade, porque até aí só conseguira ver bem Maria na noite de
Natal, iluminada pelo esplendor de todos os anjos que a rodeavam.
A lanterna tentava agora dar uma luz igual a essa. Engoliu uma boa quantidade de azeite, aumentou a chama o mais que pôde, mas não conseguiu torná-la maior do que uma abelha.
«O azeite não deve ser bom — pensou a lanterna.
— Ai, eu é que não sou bom!? — respondeu o azeite.
— A culpa é da torcida!
— Minha? — gritou a torcida.
— A culpa é da chama!
— Estão muito enganados! — protestou a chama.
— A culpa é toda da lanterna!»
Enquanto a lanterna discutia assim consigo própria, tentava observar tudo o que se passava em volta. Maria