Resumo chesnais
François Chesnay não é neokeynesiano. Não está preocupado com sugestões para que o capitalismo retome um “desenvolvimento sustentado”. Limita-se a dissecar o capitalismo da atualidade, usando uma metodologia marxista sem concessões, para demonstrar o caráter destrutivo das forças econômicas desencadeadas com a virada thatcherista, a partir dos anos oitenta. Não é, portanto, uma crítica às políticas neoliberais. É uma crítica ao capitalismo de hoje. Ao próprio sistema.
No início do livro, François Chesnais explica o caráter ideológico da terminologia usada pelos economistas da modernidade, partindo do termo globalização, de origem anglo-saxônica, que deslocou na língua francesa o termo mundialização, mais próximo da realidade.
Mais usado pela mídia sob influência anglo-saxônica, o termo globalização quer indicar uma internacionalização econômica livre, supostamente não submetida a intervenções institucionais ou nacionais, usando por isso a raiz de conotação geográfica globo, entendendo este como uma esfera com habitantes indiferenciados, espalhados por sua superfície. O sentido dessa neutralidade é impingir a evolução econômica recente como uma superação da velha compartimentação nacional por uma atuação mais livre dos indivíduos no mercado.
Essa ideologia tenta esconder que o globo terrestre continua sendo um mundo humano de nações desiguais, onde a livre atuação das mais fortes submete as restantes a uma hierarquia inexorável, na qual os Estados Unidos se encontram em posição absolutamente privilegiada, com sua moeda nacional funcionando como dinheiro mundial e com mais direito de endividamento do que as demais nações. Existem outras seis nações que, articuladas com os Estados Unidos, formam o G7, dominando