SISTEMA MONETARIO INTERNACIONAL
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Rumo a um novo regime monetário internacional
Towards a new international monetary system
Elena Soihet*
Cláudio de Oliveira Guimarães**
Boletim Meridiano 47 vol. 13, n. 132, jul.-ago. 2012 [p. 53 a 59]
Introdução
O liberalismo das finanças, a partir dos anos 1970, foi favorecido pela ruptura do acordo de taxas de câmbio fixas, estabelecido por Bretton Woods. Como resultado do colapso, a economia mundial passou a caracterizar-se pelo florescimento das finanças desreguladas caracterizada por instabilidades cambiais, volatilidade das taxas de juros e livre mobilidade de capitais.
De acordo com Chesnais F. (1999, p.12) o sistema financeiro internacional pós 1970 é fortemente hierarquizado: o sistema financeiro dos Estados Unidos domina os outros em função da posição do dólar e também das grandes dimensões dos mercados norte-americanos de bônus e ações. Na interpretação de Serrano (2008, p.126) ao término do acordo de Bretton Woods, o mundo passou para um padrão “dólar flexível” onde os Estados Unidos adquiriram a condição de ser o emissor da moeda reserva internacional sem que tivesse quaisquer restrições.
“(...) a rigor, os Estados Unidos não são apenas o “banco” ou “mercado financeiro” do mundo, mas sim o
“banco central do mundo”, dado que emitem a moeda internacional, que todos seus passivos externos são denominados em dólar e que controlam unilateralmente as taxas de juros de curto prazo nesta moeda.
( SERRANO, 2008. p. 126).
Em outras palavras, os Estados Unidos podem aplicar suas políticas econômicas e manter sua posição hegemônica através de endividamento externo e interno sem ter a mesma preocupação dos demais países do mundo, pois o dólar pode ser emitido internamente pelo Federal Reserve (FED).
Devido à tensão gerada pela extrema dependência internacional em relação ao dólar, diversos países vêm buscando alternativas seguras e sustentáveis para reduzir um pouco a incerteza gerada pela “guerra cambial”.