Resumo - as relações édico-paciente
Pelo fato de colocarem em jogo valores sociais centrais, a saúde e a ciência, as relações dos doentes com a Medicina têm sido objeto, nas últimas décadas, de grande atenção por parte dos sociólogos e de um importante esforço de teorização, resultando em modelos notavelmente contrastantes.
Um modelo consensual de relação médico-paciente, baseado no tratamento das doenças agudas
Foi a partir da idéia básica que o médico e o doente têm o mesmo objetivo, a cura, que desenvolveu-se após a Segunda Guerra Mundial, a reflexão do sociólogo Talcott Parsons, influenciada pelo tipo de patologias características de sua época, as doenças agudas, normalmente infecciosas.
O lugar da doença e da Medicina nas sociedades modernas
Parsons foi o primeiro sociólogo a propor uma análise do lugar da doença e da Medicina na sociedade global, para em seguida deduzir um modelo que possibilitasse compreender a relação médico-paciente.Ele parte da constatação de que a saúde é necessária ao bom funcionamento da sociedade, e,ao contrário, a doença tem o poder de ruptura e constitui, um desvio em potencial da ordem social.
Para Parsons, o médico é o único que tem a competência de declarar que alguém está doente e, a partir de então, eximir a pessoa de suas obrigações. Este controle social por parte da medicina é considerado benéfico para o conjunto da sociedade e a medicina surge como uma profissão totalmente dedicada à coletividade. Assim, o modelo da relação médico-paciente elaborado por Parsons é ao mesmo tempo assimétrico e consensual. Ele é assimétrico porque cabe ao médico resolver,o problema do doente: o médico é ativo e o doente, passivo.
O modelo é também consensual porque o doente reconhece o poder do médico e porque a relação terapêutica está fundamentada em forte reciprocidade.
Os papéis do doente e do médico
O doente não é responsável pela sua incapacidade e tem direito à assistência. Por outro lado, ele tem a obrigação de