Resumo Artigo: A pesquisa científica e a psicologia (Michel Foucault)
Foucault, M. A pesquisa científica e a psicologia. In: Foucault, M., Dits et ecrits, v. 1, p. 137-158. Paris: Editions Gallimard, 1994. Texto traduzido do francês por Patrícia Netto Alves Coelho.
O artigo situa a pesquisa científica no panorama da psicologia (na França, principalmente) com um olhar crítico, inicialmente deflagrando dois modos possíveis de se fazer psicologia (científico ou não) e se aprofundando numa discussão da ciência, pesquisa e prática na constituição da psicologia.
Foucault cita um professor para trazer a questão da existência de uma “psicologia” (filosófica) e uma “psicologia científica”, a existência de uma escolha que se deve fazer, particular ao campo psicológico. A pesquisa em psicologia, então, não seria necessariamente científica, mas implicaria em uma escolha, e o problema da identificação desta dualidade com uma verdadeira e uma falsa psicologia é resolvido ao afirmar que é a boa escolha que define a verdadeira psicologia.
A pesquisa psicológica na França teve em Binet um nome central, precedido por programas filosóficos positivistas; seu laboratório de psicologia experimental e pesquisas que o deram continuidade são referências importantes. A pesquisa na França teria nascido à margem da psicologia oficial, sendo a psicanálise um bom exemplo. É destacada, a intenção polêmica da pesquisa em psicologia, que surge contra um ensino, está sempre pondo em cheque as bases da positividade da ciência, de sua objetividade. Na psicanálise, subverte-se uma psicologia da consciência para uma psicologia do Inconsciente, onde a ciência, a pesquisa e a prática já se confundem, o objeto da ciência põe em questão o método da ciência, e mesmo se constitui através dele.
Nas confrontações consigo mesma, a pesquisa psicológica não lida com o erro científico, senão com ilusões, procurando sempre desmistificá-las. Reduz-se suas questões epistemológicas a questões psicológicas, caracterizando sua pesquisa como crítica, negativa e