Resumo acadêmico

Novo álbum de família Casamento formal e família já não são quase sinônimos, o primeiro não é mais o fundamento da segunda; eles estão, por assim dizer, se descolando. O modelo tradicional de família – pai, mãe e filhos morando na mesma casa – ainda é predominante no país, mas convive com formas alternativas de estrutura familiar, em expansão. Hoje já têm peso estatístico significativo na sociedade tipos de família que alguns especialistas chamam de subnucleares: solteiros com filhos, casados sem filhos, mães solteiras que moram com os pais e separados com os filhos.
Chama a atenção à projeção que a mulher ganhou dentro da família. A mãe hoje é considerada mais importante que o pai pela maioria das pessoas. Tal dado exprime os paradoxos da libertação dos costumes e das conquistas feministas. A mulher aumentou sua participação na renda da casa, conquistou espaço no mercado de trabalho, mas não se desvencilhou de suas tarefas domésticas tradicionais, o que a transforma numa espécie de heroína de dupla jornada.
A contrapartida dessa tendência se traduz no fato de que o pai perdeu espaço e autoridade dentro da família, mas não passou a dividir com a mulher as tarefas domésticas. Este machismo mitigado se torna explícito nas opiniões sobre a infidelidade e o trabalho. Segundo a pesquisa, as pessoas ainda condenam mais a mulher que trai do que o inverso, e a maioria delas (70%) ainda acha que a mulher não deve trabalhar fora quando o homem ganha o suficiente. São resquícios patriarcas que ainda mancham de conservadorismo o álbum da nova família brasileira.

Folha de S. Paulo, 21/09/1998.

Pessoa verbal predominante:
3ª pessoa do singular
Temporalidade verbal:
Presente
Palavras chave:
Família > mulher > homem > tarefas
Palavra semantizada:
Família
Tema:
A transformação no modelo familiar tradicional, aliado as mudanças sociais, econômicas e a luta das mulheres pela igualdade.
Ênfase textual:
Novo álbum da família brasileira (título)