Resenha
No século XIX foi difundida a ideia de que a convivência familiar poderia ser prejudicial à saúde das crianças. Através da higiene, foi-se então alterando as ações educacionais até o ponto onde tais crianças passaram a ser isoladas do ambiente familiar sob a justificativa de que, dessa forma, não correriam riscos que fossem de encontro aos “esforços da higiene”.
Através do texto de Jurandir Freire Costa, podemos perceber como esse movimento utilizou o método educacional para imprimir na sociedade novos hábitos que condiziam com as estratégias políticas da época.
Os higienistas alegavam que o convívio com o meio externo, o conforto e várias formas de entretenimento eram prejudiciais ao futuro dos alunos, à educação e aos costumes. Estes tinham na criança uma “entidade físico-moral amorfa”, receptiva à implantação de hábitos que, em repetição, resultariam em efeitos duradouros e sem necessidade do uso de castigos. Com esta ideia, pretendia-se atingir crianças e adultos, levando a “família higiênica” a preservar a vida em favor do Estado.
Segundo o autor, por trás de todo o viés científico apresentado, havia uma finalidade implícita de desvincular os indivíduos da submissão religiosa à medida que os condicionava à sujeição médica, além de induzir à transformação cultural e imposição de costumes europeus.
A busca por uma melhor instrução pelas famílias brasileiras se deu, em maior parte, pela influência da chegada da Corte. Os colégios eram tidos como estabelecimentos que deveriam preparar homens física, moral e intelectualmente, através da disciplina e ordem, para servir a sociedade. A estrutura física dos edifícios atendia a critérios de preservação da saúde e bem estar dos educandos, sem incentivar a moleza e preguiça. As atividades escolares seguiam um tempo rígido e calculado, onde até o lazer tinha de ser formativo impedindo, assim, a ociosidade. As atividades físicas que, em grande parte incitavam