Resenha
Jérôme Baschet, professor da Universidad Autónoma de Chiapas, no México, em seu livro, “A Civilização Feudal: Do ano Mil à Colonização da América”[1], propõe sintetizar o que foi a sociedade medieval, sobretudo, o período do feudalismo por uma nova ótica reflexiva.
O autor preza por uma análise crítica a respeito da civilização feudal, sendo seu viés a concepção de “Longa Idade Média” (o que demonstra a influência de nomes como Jacques Le Goff em seu trabalho), afirmando que tal civilização não se restringiu à Europa, mas se estendeu às conquistas hispânicas na América, que seriam portadoras de uma herança de valores típicos da sociedade feudal.
O livro de Baschet se divide em duas partes totalizando dez capítulos. A primeira delas – dividida em quatro capítulos – traz informações e conhecimentos de base sobre a formação da sociedade medieval, utilizando para tal compreensão duas palavras-chave: feudalismo e Igreja[2]. É nesta primeira parte também que o autor trata da questão principal do livro ao fazer a “junção entre Europa medieval e a América Colonial” [3].
A segunda parte – com seis capítulos – tem como proposta compreender, de forma mais aprofundada, os aspectos e mecanismos que compunham a sociedade feudal, bem como suas estruturas mentais/culturais mais fundamentais. Há o considerável enfoque nas mentalidades[4], com a abordagem de temas como o tempo, o espaço, moral, imagem, entre outros[5]. O objetivo é compreender o universo medieval sem, contudo, dissociar em tal processo elementos como economia, religião, sociedade e política[6].
É possível dizer que Baschet, em sua análise, preza por uma idéia de continuidade a respeito da Idade Média – já que a propõe como longa – e vê a periodização como algo artificial. O autor propõe romper com o quadro habitual que vê o fim do período medieval em 1453. Para ele, as convenções sociais feudais permaneceram durante muito tempo não