Resenha
Edilson José Graciolli
1. O livro de Paulo Fontes - resultado da sua dissertação aprovada junto ao Programa de Mestrado em História Social do Trabalho, na UNICAMP – debruça-se sobre a história dos operários da Nitro Química, empresa construída no subúrbio paulistano de São Miguel a partir do final de 1935, cuja produção iniciou-se em setembro de 1937. Inserida na tentativa de compreender a dinâmica da industrialização no Brasil, a pesquisa elegeu essa unidade produtiva como espaço cotidiano e complexo da luta de classes- onde, de um lado, a Nitro Química (uma espécie de "CSN do setor químico") elaborou um sistema de dominação específico e, de outro, os trabalhadores construíram respostas próprias a ele, vivendo uma tensa e rica experiência, ora de resistência, ora de relativa integração àquele sistema.
2. No dizer do próprio autor, objetivou-se ''[...] aprofundar a análise da montagem, da lógica interna, contradições e legitimação ou não por parte dos trabalhadores de um determinado modelo de dominação e gestão da mão-de-obra criado pela Nitro Química ao longo dos anos quarenta e desenvolvido plenamente na década seguinte" (p. 14). O diagnóstico que se apresenta sobre esse modelo indica-o como articulado em torno de vários aspectos próprios à ideologia corporativa - e ao nacional –desenvolvimentismo, que marcava o Estado brasileiro de então.
3. O recorte temporal (os anos cinqüenta) justifica-se, segundo Paulo Fontes, por ter sido esta a década onde o modelo de dominação empresarial gestado nos anos antecedentes viveu o seu ápice e, também, o início do seu esgotamento, uma vez que a reciprocidade entre empresa e trabalhadores sofreu enormes desgastes, dado o avanço de uma identidade sociocultural própria entre os operários, em função da aguda atuação sindical e política nos anos anteriores a 1964.
4. O trabalho se estrutura em cinco capítulos. No primeiro, apresenta-se uma análise do contexto que marcou a trajetória da empresa, desde a sua