resenha
A leitura de Na colônia penal é um desafio, tamanha é a proximidade do atroz e do cruel com a leveza, a suavidade e a beatitude. Mas
Kafka não exagera na absurda obstinação do homem à autodestruição.
Um olhar para a atualidade, para nossas telas de televisão, pode indicar que o homem colocou com frequência a sua inventividade a serviço da destruição do outro e que a fascinação diante da dor é cada vez mais banalizada. Basta ver que a violência dos homens sobre outros homens bate todos os recordes de audiência (execuções sumárias, guerras, atentados…), e não há sombra de dúvida de que uma execução pública na Place de la Concorde teria mais sucesso e mais (tele)espectadores que qualquer outra festividade…
… o que explica como a obra fascinante que é Na colônia penal torna-
-se o espelho da sociedade em que vivemos e daquilo que somos.