Resenha
Diversos estudos da ação docente têm enfatizado a necessidade de entender a formação de professores em perspectivas que desloquem configurações epistemológicas, baseadas em uma racionalidade técnica para valorizar o contexto da prática como fonte de aprendizado. Tal deslocamento remete formulações teóricas relativas aos saberes docentes. A epistemologia da prática assumida por diferentes investigadores sugere elementos significativos para pensar a formação docente, tanto inicial quanto continuada para que desempenhem papel relevante na produção de uma modalidade de conhecimento que se institui na escola, gerando o conhecimento escolar. Nos últimos anos, em diversos países, acompanha-se um amplo crescimento dos escritos que abordam a questão dos conhecimentos dos professores, passando a ser foco de pesquisas o campo da formação docente. Nas décadas do pós-guerra (1940-1950) havia quase uma ausência das questões relacionadas ao conhecimento dos professores, já nas décadas seguintes a pesquisa sobre a formação docente se ampliou. Nos anos 1970 surgiram as primeiras críticas apontando as fragilidades dos resultados obtidos a partir dessa orientação teórica e metodológica, anunciando uma nova tradição de pesquisa, pois, até então, pouco se consideravam as condições de trabalho dos professores. Nos anos de 1980, nos Estados Unidos, surgiu e se desenvolveu um movimento de profissionalização do ensino que defendia a necessidade de os professores possuírem um repertório de conhecimentos validados pela pesquisa e capazes de legitimar a ação docente (TARDIF, 2008). Segundo Tardif (2008) os possíveis elementos que contribuíram para o surgimento do interesse sobre o conhecimento do professor e sua prática foi o enfraquecimento do positivismo e do relativismo, nos saberes do senso comum e os novos enfoques no campo da psicologia.