resenha
Ismênia Cunha de Andrade
O filme “Tempos Modernos” se passa no início do século XX-1936, e conta a história de Carlitos, um trabalhador da indústria moderna que apenas sonha em ter uma casa confortável e um trabalho fixo.
O enredo faz uma paródia da vida real; além disso, de forma sensível, nos envolve no drama, vivido pela população daquele tempo, deixando claro o tamanho da ambição do homem.
Com poucos recursos de gravação da época, as principais fontes do riso não são piadas pejorativa (como na maioria das superproduções do cinema atual), mas a expressão corporal do personagem, o que garante o riso do público até hoje.
Logo no início do filme, as ovelhas amontoadas se tornam uma metáforado homem. Como se ao ver dos donos das fábricas, o animal e o ser humano tivessem a mesma função: trazer lucro a qualquer custo, ou melhor, ao menor custo possível. Assim como o custo deve ser pequeno, o tempo de descanso do trabalhador também deve ser. A cena que mostra uma máquina de alimentar funcionários – que é elaborada por uma empresa de tecnologia – é uma grande amostra dessa forma de exploração; enquanto o trabalho é exercido, o empregado é alimentado, sem mesmo ter o direito de cortar a própria comida.
Em outros quadros podemos notar que o personagem tem um colapso nervoso, por consequência de um trabalho exaustivo, repetitivo e alienador.
Cenas em que uma moça rouba para se alimentar, ou a que os ex-companheiros da antiga fábrica em que Carlitos trabalhou estavam roubando retratam que a falta de um emprego, mesmo que desgastante, causa a miséria e a criminalidade.
Hoje está claro que a revolução industrial trouxe um avanço enorme para o mundo todo e a qualidade de vida se tornou melhor, pois a partir daí surgiram o automóvel, o chuveiro, o avião, ou seja, produtos que nosso dia-a-dia não podem faltar. Contudo, recebemos a herança da exploração do trabalho, dos direitos humanos e da balança social desequilibrada.
Enfim, o