Resenha
Política é na verdade a subordinação de alguém. Os seres humanos defendem sempre o livre arbitrío, a autonomia, a sua capacidade de se auto administrar e tudo isso é negado pela existência das relações políticas.
Quando estamos falando de política, nós estamos inevitavelmente falando de poder. Alguém detem o poder e as outras pessoas aceitam isso por algum motivo.
Subordinamos-nos a política, porque ela pode nos fornecer algum grau de previsibilidade, nos dando a esperança de um futuro sem escassez.
As relações conjugais são assunto recorrente nas análises sobre a família contemporânea. Nos tempos atuais, a instituição do casamento tem sido alvo de algumas polêmicas acirradas como, por exemplo, a discussão sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo. O pano de fundo dessa inquietação constante sobre os laços conjugais na contemporaneidade pode ser muito bem resumido no argumento central do livro de Tania Salem, O casal grávido: Disposições e dilemas da parceria igualitária, qual seja: a tensão constitutiva entre os mandamentos da individualização e a valorização da unidade conjugal.
Ao levantar essa questão no final dos anos 1980, quando o trabalho foi apresentado como tese de doutorado em antropologia no Museu Nacional, a autora conseguiu revelar uma das complexas facetas do dilema individualista clássico, no que ele tem de mais relevante para a compreensão da família como valor moral da sociedade brasileira. A partir da identificação do “casal grávido”, modalidade particular de construção da conjugalidade em segmentos médios urbanos, Tania Salem recupera três dimensões cruciais para o entendimento da ideologia individualista: a psicologização da vida, o igualitarismo e o compromisso com a mudança. Ao longo do livro, esses eixos são tratados de maneira instigante e profunda, numa articulação permanente entre a situação específica desse modelo de casal, “o casal grávido”, e o plano mais geral da ética