Resenha: “A poética do espaço”, de Gaston Bachelard
“Nossa casa fazia para mim às vezes de cabana. Nela eu me sentia seguro contra a fome e contra a sede. Se eu tremia, era só de bem-estar.”
O texto leva o leitor a uma associação da trilogia alma, corpo e casa, sendo a casa em alguns momentos associada ao corpo humano, ou mais profundamente com a mente humana. Depositando na habitação seus medos, sonhos, expectativas, segurança e bem-estar do consciente ao inconsciente.
Transferimos para o objeto “casa” a mesma segurança de nossas mentes em nos proteger, um abrigo físico para a consciência humana, fazendo dela mais que um mero “objeto” com a função primária de abrigar e sim uma extensão do ser. O corpo humano é a morada da alma e a casa, nosso refugio de corpo e alma, um templo o qual habitamos num espaço e tempo.
Esse texto traz como método de análise a fenomenologia que é o estudo da essência das coisas, que visa o objeto de estudo muito além do meramente material. No caso especifico do texto de Gaston Bachelard, a casa, indo para além do seu aspecto meramente físico e estrutural, é colocada como um espaço de sonhos, devaneios e segurança, mostrando que a casa integra os pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem, e também as razões que configuram a casa como cerne da felicidade.
Na medida em que só é possível acessar as lembranças e sentimentos, o significado da casa somente como morada é deixada de lado, nos fazendo refletir sobre a simbologia e sua importância na vida do homem, transpondo seu valor como objeto puramente concreto.
A casa desejada trabalha com a imaginação do ser humano, pois é algo que ainda pode ser realizado, tanto em como será fisicamente quanto as memórias possíveis, onde não há limites aos sonhos, já que é um futuro cheio de perspectivas em aberto em que o céu é o limite. Isso faz com que o homem se sinta livre, se sinta capaz de modificar sua vida, busque a felicidade se ainda não a tiver encontrado.
Entretanto, essa