Resenha O Gosto da Guerra
Considerado um dos maiores clássicos do jornalismo brasileiro – especialmente do jornalismo de guerra – O Gosto da Guerra, de José Hamilton Ribeiro, foi publicado em 1969 pela revista Realidade. Por mais de vinte anos a reportagem esteve esgotada nas livrarias brasileiras, sendo relançada apenas em 2005, na coleção Jornalismo de Guerra, da editora Objetiva (edição que ainda ganhou ‘um diário feito após o acidente’ e um depoimento de Hamilton após sua volta ao Vietnã, 30 anos depois, quando gravou um programa para a Rede Globo).
José Hamilton Ribeiro iniciou sua carreira em 1955, trabalhando como redator na Rádio Bandeirantes (São Paulo), mesmo ano em que entrou para o curso de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero – onde foi expulso após comandar uma greve com outros colegas. Em 1962, Hamilton ingressou na Editora Abril, na condição de redator-chefe da revista Quaro Rodas.
Pela revista Realidade – onde assumiu o cargo de editor-chefe em 1966 – Hamiton publicou seu mais conhecido trabalho: a reportagem realizada na guerra do Vietnã. Além de ser um clássico, a viagem marcou a vida do jornalista de uma maneira inesperada: o repórter perdeu a parte inferior da perna esquerda, após pisar em uma mina terrestre vietcong.
O estilo de escrita de José Hamilton se confunde com o próprio estilo da revista Realidade, considerada o berço do jornalismo literário no Brasil. Em seu livro, o repórter consegue prender o leitor com uma minuciosa descrição do ambiente e dos personagens. Em O Gosto da Guerra, Hamilton relata com riqueza de detalhes seus sentimentos na viagem ao Vietnã, contando, inclusive, o momento em que pisa na mina terrestre, o que marcaria o resto de sua carreira.
“Ele trazia um cigarro acesso e tentou colocá-lo na minha boca. Não aceitei. Sentia na boca um gosto ruim, como se tivesse engolido um punhado de terra, pólvora e sangue – hoje eu sei, era o gosto da guerra. Cuspia, cuspia, mas aquela gosma