Resenha: A teoria Geral do Emprego - Keynes
No artigo escrito ao Quartely Journal of Economics em 1937, Keynes não objetivava comentar críticas específicas da Teoria Geral do Emprego e da Moeda e, por isso, evitou fomentar discussões baseadas em “minuciosas controvérsias que poderiam se mostrar estéreis”. Em detrimento de discutir tais controvérsias, Keynes busca reexpressar ideias básicas e simples desenvolvidas na obra supracitada, a fim de possibilitar a futura expressão dessas ideias na teoria econômica (KEYNES, ano, p.169). Keynes procura reafirmar, resumidamente, conceitos e relações que fundamentam a divergência e distanciamento de sua teorização em relação à tradicional (clássica ou ortodoxa). Tais desacordos estão relacionados com questões que podem ser tratadas separadamente, mas que se conectam ao longo da exposição das ideias no artigo. A teoria clássica considera que as expectativas, em um determinado momento, são dadas de forma definida e calculável. Em outras palavras, a teoria em questão supõe que: i) os agentes ignoram a perspectiva de mudanças futuras, ii) as perspectivas futuras em relação ao preço e caráter da produção estão baseadas em um sumário observável no presente iii) os agentes procuram seguir o comportamento da maioria ou da média. A partir desses três princípios, a teoria ortodoxa tenta lidar com o presente abstraindo o desconhecimento do futuro, ou seja, reduz a incerteza à mesma posição calculável da certeza – remetendo ao cálculo benthaniano de dores e prazeres. Para Keynes, a teoria ortodoxa supõe um conhecimento acerca do futuro muito distante daquele observável na realidade, uma vez que tal conhecimento é “incerto”. A incerteza em relação ao futuro se expressa na medida em que existem problemas não passíveis de um cálculo probabilístico embasado cientificamente. Dessa forma, a hipótese clássica de um futuro calculável subestima fatores que expressam profunda dúvida – incerteza, esperança e medo, o que resulta em uma