Resenha: a parabola do cagado velho
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos assina suas obras como Pepetela e é um renomado escritor Angolano. Professor de Sociologia, é hoje um nome consolidado no meio literário, sendo uma das vozes celebradas por apresentar temas relacionados a guerra civil da Angola ao texto literário, trazendo as guerras, os desajustados sociais, desigualdades sociais e econômicas do país. Algumas de suas obras são Muana Puó , Mayombe, Luandando e A Parábola do Cágado Velho. Este ultimo será analisado.
O pano de fundo para a história de amor de "A parábola do cágado velho", publicado em 1997, é o movimento de libertação dos países angolanos que teve início no começo da década de 1960. Ulume, o narrador e protagonista da história, é um angolano que vive no Kimbo e se apaixona por Munakazi em meio a guerra, mesmo já sendo casado com Muari. É importante lembrar que Pepetela não tem qualquer preocupação em enquadrar a trama em algum momento da história ou geograficamente. Mas é possível fazer uma analogia ao inicio da guerra civil na década de 70 e dos embates entre MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e a UNITA (União para a Independência Total de Angola).
O romance em análise apresenta um conjunto amplo de referencias, aos tempos narrados, nos quais pode ler-se a criação de uma cultura pública, resgatando patrimónios localizados. Igualmente mostram como se implicam conceitos externos em vivências internas das comunidades rurais, permeando-se diversos signos de incompreensão para com esse universo, para além de uma notória apresentação de mecanismos que se implicam na desruralização de um país. Há confusão e certo sofrimento quando Ulume e os outros moradores do Kimbo vêm seu mundo modificar-se, gradativamente, pela presença constante da guerra e uma modernização descontrolada, onde as tradições vão sendo perdidas e ficando obsoletas. Velhos mitos angolanos são abordados.
Cada personagem e objeto da obra tem um papel