Resenha - a era do capital
Nesta resenha levantaremos algumas considerações epistemológicas feitas pelo antropólogo norte-americano Clifford Geertz em “A Interpretação das Culturas” (1989), primeira publicação em 1973, e“O Saber Local” (1997), primeira publicação em 1983, tendo como ponto de debate, respectivamente, os textos “Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da cultura” (1989) e “Do ponto de vista dos nativos: a natureza do entendimento antropológico” (1997).
Geertz (1989, p.13) levanta questionamento sobre o uso indiscriminado de certas idéias que surgem no âmbito intelectual. Sua crítica aparece fazendo menção à maneira como essas idéias pareceriam “resolver” ou “solucionar” os pontos obscuros. Para o autor, depois de passado o entusiasmo pelo uso dessas certas idéias, alguns intelectuais ponderam o uso desmedido ao aplicá-las “onde ela realmente se alia e onde é possível expandi-la, desistindo quando ela não pode ser aplicada ou ampliada” (1989, p.13).
Partindo desta consideração, Geertz critica o uso desenfreado do conceito de cultura seja por conceitos que são bastante abrangentes, no caso de Tylor, ou por conceitos bastante difusos, no caso de Clyde Kluckhohn. Da mesma maneira critica o uso limitado de conceitos de “experiência-próxima” ou de “experiência-distante”, pois os primeiros “deixariam o etnógrafo afoga em miudezas e preso em um emaranhado vernacular” (GEERTZ, 1997, p.88) e os segundos “o deixaria perdido em abstrações e sufocados em jargões” (GEERTZ, 1997, p. 88). Desse modo, o autor explica que a antropologia interpretativa não deve escolher qual dos dois conceitos é melhor que o outro, mas sim fazendo uso de cada um quando for necessário à análise.
Geertz defende que o conceito de cultura é semiótico, ou seja, “acreditando como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como essas teias”